Fonte: SANTAELLA, L. - Culturas e artes do pós-humano (Cap. 2, 3 e 4)
CULTURA
MIDIÁTICA
Considerando a realidade social econômica, política e
cultural do mundo em pleno século XXI, qual seria a condição atual da cultura
midiática? Qual o lugar ocupado pela mesma no atual momento? Antes de
discorremos sobre o tema, é importante considerar o que escreveu SANTAELLA, de
que há duas concepções básicas de cultura, as humanistas, e as antropológicas.
Até meados do século XIX, havia no ocidente um delineamento
entre as culturas eruditas das elites e a popular oriunda das classes
dominadas. Ambas foram fortemente impactadas com o advento da cultura de
massas, que teve origem nos meios de reprodução técnico-industriais. Uma
tendência natural neste movimento seria dissolver a polaridade entre os dois
lados e, por conseguinte anular suas fronteiras, daí o surgimento de tecidos
híbridos nas culturas urbanas.
A partir da revolução industrial ficou cada vez mais
complicado determinar os códigos, as formas e gênero da cultura e isso se deu
com o advento da fotografia e do cinema, assim como, de algumas peculiaridades
da arte moderna. Isso não quer dizer que houve um desaparecimento dos aspectos
tradicionais da cultura. A cultura humana é cumulativa, apesar de não ser linear,
mas ela persiste, o artesanal não deu lugar ao industrial, nenhum dos outros
aspectos da cultura deu lugar aos novos trazidos pela cultura de massas. O que
prevaleceu foram as novas alianças, novos formatos.
Um detalhe interessante é que há na cultura, meios de
comunicação que executam um papel ambíguo no tocante à cultura, ao mesmo tempo
em que a produzem, também tem a capacidade de divulgar outras formas e gêneros
da cultura.
No contexto da cultura pós-moderna a cultura midiática é um
elemento preponderante na aceleração, ampliação e transnacionalização do
processo cultural.
MÍDIAS DIGITAIS
Em linhas gerais, falar de mídias digitais é fazer referência
aos meios de comunicação de massa, tais como, jornal, rádio, revista e
televisão. As mídias digitais causaram uma revolução cultural profunda nas
sociedades, logo é possível concluir que este movimento tende a continuar
revolucionando contextualizadamente na medida em que haja o surgimento de novos
meios de comunicação. Penso ser importante salientar que nenhum meio de
comunicação atua de forma isolada, eles sempre estão engajados ideologicamente
de uma forma ou de outra. Os ciclos culturais são em sua maior parte oriundos
dos novos meios de comunicação.
Na visão marxista existem arenas de luta de classes no
interior de toda cultura, sua concepção sociopolítica afirma haver uma tensão
constante entre os dois lados.
Acredita-se que a globalização é devedora das poderosas
tecnologias comunicacionais atuais. A revolução digital está batendo às portas
do mundo. A era digital trouxe consigo uma forma comunicar e produzir
informação nunca antes vista. Há uma fusão sem precedentes dos meios de
comunicação e com isso o eminente surgimento de sistemas híbridos de
comunicação ganham espaço e aceleram ainda mais o processo de mudanças na
cultura, perpassando desde os aspectos mais simples até os mais complexos da
sociedade.
O capitalismo naturalmente se lança sobre todo este movimento
e se impõe como expressão catalizadora de toda a revolução do ciberespaço
oriundo dos avanços tecnológicos. No entanto, seria utópico acreditar que tudo
se restringe apenas ao contexto tecnológico, forças políticas e culturais
também se aproveitam de todo esse movimento. As novas tecnologias são
formatadas sob metida, visando alcançar propósitos políticos, pessoais e
organizacionais. Tendências oligopolistas ficam cada vez mais evidente na
medida em que muitas empresas vão se dilatando no âmbito da comunicação em
geral, em contrapartida o Estado não se opõe em nada para agir neste ciberespaço
e evitar uma derrocada sem precedentes do lado mais fraco, as empresas com
menor porte e a sociedade socialmente carente.
O capitalismo digital deixa bem claro quais são suas regras,
se você não faz parte da aliança que estabeleço, apenas aguarde o seu fim, ou
se junta a nós sob as nossas condições ou esteja convidado a não fazer parte do
movimento global do novo comercio. Não há o que duvidar, os ciberespaços da
atual era tem suas regras ditadas pelo capitalismo, ainda continuamos com a
mesma realidade de séculos atrás, uma minoria continua detendo a riqueza e o
poder. Isso não quer dizer que nada pode ser feito e nem muito menos esta
realidade será alterada, não foi possível pelos meios de massa, mas no contexto
dos ciberespaços ainda há brechas e vãos para a comunicação e estes espaços
necessitam serem ocupados o mais rápido possível pelos intelectuais e
educadores que almejam uma realidade sociocultural distinta da implementada até
agora.
SUBSTRATOS DA CIBERCULTURA
Ainda há algumas dúvidas se cibercultura e cultura digital
podem ser consideradas a mesma coisa, penso que sim, no entanto creio que não
há nenhuma dúvida de que este movimento traz consigo novas formações sócios
culturais e que o pós-modernismo encontrou definitivamente sua a face que lhe é
própria.
Como estamos descrevendo desde o princípio desta reflexão, ou
seja, a cultura midiática inicia sua escalada por meio da cultura de massas,
mas é na cultura digital que ao que parece ela se consolida. Ao contrário do
que parece, o momento é de sincronização de todas as linguagens e de todas as
mídias inventadas pelo ser humano. A televisão e sua peculiar característica de
apenas transmitir informação sem interagir ainda permanece, o homem torna-se
cada vez mais despersonalizado sobre a influência das difusões midiáticas sem
compromisso com a formação social homogênea, ou seja, nada do que ocorre hoje
na cultura digital tem origem no acaso.
A cultura digital trouxe consigo um tecido cultural hibrido,
não houve uma passagem de uma era cultural para outra, elas se sobrepuseram e
também se tornaram cada vez mais densas. A nossa relação com as máquinas ganhou
uma nova perspectiva a partir dos anos 80, quando as novas tecnologias
proporcionaram uma experiência distinta tal como a interface nos computadores,
logo nos tornamos usuários e não mais apenas receptores, daí nasce a cultura da
velocidade e a nossa interação com as máquinas são intensamente humanizadas.
O que conhecemos hoje como rede interligada de máquinas e
computadores pode ser considerado como o ciberespaço e as interfaces estão
intrinsecamente presentes neste contexto, portanto se o ser humano está plugado
nesta rede, podemos afirmar que a tecnologia está incorporada no mesmo. Muitos
acreditam que este simples fato, ou seja, está plugado é o suficiente para
agregar ao repertório humano, habilidades e outros elementos chaves para seu
desenvolvimento na presente era.
Passamos do artesanal tal como o jornal impresso, para as
mídias eletrônicas e hoje nos encontramos a todo vapor nas mídias digitais;
notem que vivemos em um mundo em constante devir. A não linearidade que
mencionei em parágrafos anteriores ainda se faz presente como característica
preponderante da cultura digital e na medida que esta e as novas mídias
penetram em nossa vida, elas mudam nossa forma de pensar e perceber a
realidade. Ou seja, nossa forma de viver hoje também é não linear, as vezes até
que tentamos mudar isso, mas a forma como a realidade se apresenta nos obriga
na maioria das vezes a viver conforme a realidade se apresenta.
É possível interagir dentro de ambientes
simulados, ter a comunicação mediada por computadores, interações são simuladas
de forma muito aproximada da vida real, são experiências audíveis, visuais e
táteis geradas computacionalmente. Nenhuma tecnologia anterior as atuais haviam
invadido tão contundentemente nossa intimidade. Esse é o mundo da internet, o
ciberespaço que traz consigo a nova cidadania eletrônica, uma nova forma de
relação, oportunidades, pesquisa e competição entre os homens.
Olá Glauber,
ResponderExcluire por que cibercultura e cultura digital podem ser consideradas a mesma coisa? é necessário conceituar cada uma delas para encontrar aproximações e/ou distinções. Muitos teóricos têm afirmado que sim, são o mesmo, mas entendo que a cultura digital abarca a cibercultura e vamos tentar entender isso melhor em nossa discussão em aula
Olá Glauber! Bem norteador suas considerações para um melhor entendimento sobre estes termos que se assemelham em alguns elementos, porém, se distanciam em teorias e conceitos.
ResponderExcluir