quinta-feira, 18 de abril de 2019

REFLEXÃO: Políticas públicas de educação e TIC




Fonte:
BONILLA, M., PRETTO, N. - Política Educativa e Cultura Digital, Entre Práticas Escolares e Práticas Sociais;
BONILLA, M., PRETTO, N. - POLÍTICAS BRASILEIRAS DE EDUCAÇÃO E INFORMÁTICA;
TIRAMONTI, Guillermina - Escuelas PROA;
Velasquez Gavilanes, R. - 2009 - Hacia Una Nueva Definición


Ao que parece, as práticas sociais do presente século são dadas majoritariamente no contexto da cultura digital, ou seja, as relações econômicas, profissionais, acadêmicas, políticas, etc., quando não plenamente estão dentro deste contexto, pouquíssimos fatos ainda ocorrem fora dela, aspecto que torna a cultura digital uma realidade social na qual jugo ser importante conhecer os elementos que fazem parte da mesma, agregar as devidas competências para transitar dentro dela, assim como, formar senso crítico equilibrado para julgar o que dela será agregador ou desagregador no tocante a cidadania.

Neste sentido fico refletindo sobre os alunos do sistema escolar brasileiro que estão sendo preparados pela escola para ser os cidadãos de amanhã, ou seja, recebendo as contribuições da escola para sua emancipação. A ausência das políticas públicas educativas que potencializem o processo de emancipação desse sujeito passa a ser um fator preponderante para uma formação deficitária, pois é notável que a realidade social brasileira é desigual e a classe mais pobre economicamente necessidade de maior atenção por meio das políticas públicas sociais, ou seja, enquanto os alunos que possuem melhor condição social, recebem um ensino e uma estrutura apropriada para prepara-lo para a realidade atual, o indivíduo da escola pública pena para performar de maneira satisfatória frente aos desafios acadêmicos que lhe são impostos pela cultura impositiva tradicional enraizada no sistema escolar público brasileiro.

Não basta querer fazer política pública educacional apenas por fazer e “sair bem na foto”, é preciso fazer de forma articulada, comprometendo os diversos setores governamentais e agentes políticos e sociais potencialmente capazes de contribuir com tais políticas. A história nos mostra inúmeros projetos e programas que acabaram sem alcançar os resultados previstos, outros sequer puderam ser avaliados os resultados, pois foram extintos ainda no meio do processo de implementação, o que fica evidente a falha no processo de implantação e gestão. Um outro olhar também pode ser lançado por exemplo no contexto do professor, que não recebe a devida atenção e quando diante dos projetos de cunho tecnológicos se veem inoperantes diante de uma dinâmica estranha a sua formação e atual condição técnico-profissional. A articulação que menciono acima passa também pela inclusão deste que é peça estratégica e fundamental para o sucesso das políticas públicas educacionais, sejam elas de cunho tecnológico ou outro qualquer que ocorra no seio escolar. A formação continuada é uma condição sine qua non para a adaptação do professor as novas convergências, assim como, para o sucesso dos projetos e programas decorrentes das políticas educativas, são por meio dela que se diminuem as distancias percorridas entre o ponto de partida e o ponto de chegada dos objetivos estabelecidos, e acima de tudo da emancipação do aluno como maior deles.

Por fim, é essencial também preparar a escola para o processo de mudança, de convergência, de promotora da cultura digital, ou seja, não basta adquirir caminhões carregados de equipamentos tecnológicos e os descarregarem em uma sala que ficará fechada a sete chaves aguardando a boa vontade de alguém para dar destino aos mesmos. A educação não aceita a gestão do “faz de conta”, ela cobra quando não é conduzida com o devido cuidado e atenção; se tem equipamento tecnológico, logo é essencial que se tenha boa internet, caso contrário o destino é a obsolescência; se investiu em infraestrutura pesada é preciso torná-la funcional ou então teremos “elefantes brancos” espalhados pelas áreas da escola que servem mais de “cartões postais” para selfs dos alunos do que meios que auxiliam no processo de ensino e aprendizagem.

Mais do que inconveniente, penso que seja imoral conduzir o sistema público de ensino fora da proposta de preparar o aluno para atuar de forma plena na era da cultura digital. Pensar e agir diferente dessa proposta é decretar a sua permanência na atual condição socioeconômica e sem possibilidades algumas de sonhar e lutar por uma experiência até então nunca vivida, senão apenas contemplada na vida de outros que foram melhores atendidos por suas heranças familiares e de políticas públicas hegemônicas direcionadas ao bem-estar de uma classe só, certamente não a que mais necessita delas.


4 comentários:

  1. O mesmo acontece em Costa Rica. Sempre há coisas por melhorar, mas devemos aproveitar a estrutura já existente para reforçar essas iniciativas de desenvolvimento.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito bem observado David... concordo em tamanho, gênero e grau contigo.. rsss!

      Excluir
  2. fiquei pensando no vídeo, que traz uma animação das tecnologias presentes em cada época, e nos alunos das escolas públicas, que ainda não conquistaram o direito de usufruir plenamente dessas tecnologias, com todas suas potencialidades. E isso só será possível via políticas públicas educacionais e sociais, pois não basta a oferta na escola, os alunos precisam ter acesso e uso pleno também em suas casas - a relação casa-escola, educação-sociedade precisa estar presente em cada projeto, programa da área.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Justamente professora, afinal de contas o processo educacional integra escola, família e sociedade, portanto eis a necessidade de engajamento em cada ambiente e a importância das políticas públicas sociais como um todo atuando de forma articulada.

      Irei levar esse vídeo para a nossa apresentação quarta-feira, visando provocar uma reflexão mais ampla da importância do engajamento das crianças na cultura digital.

      Excluir