Texto de: Michael Crotty
O positivismo teve em Auguste Comte um de seus
popularizadores. Quando o positivismo se utiliza do termo natural está se
referindo a tudo aquilo que é derivado da natureza das coisas. No tocante a
ideia de religião positiva pode se concluir que a mesma não pode ser alcançada,
estamos falando de ‘um dado’. A luz da ideia da lei natural, pode-se considerar
uma ação como errada por conta da sua própria natureza. Quanto a uma ação considerada
ilícita no contexto da lei positiva, vale considerar que não é errada em si
mesmo, mas porque é proibida.
A ciência cientifica não é obtida especulativamente, seu
alicerce é algo que chamamos de postulado, fala-se de experiência, abrir mão de
um raciocínio abstrato e se apegar ao estudo rigoroso dos dados. Na visão
positivista o que sempre irá prevalecer é o método cientifico.
Entre 1817 e 1824, Comte se associou a Henri de Saint-Simon e
abraçou sua concepção de que a sociedade necessitava ser reconstruída no
tocante a compreensão intelectual, visando uma sociedade estável e equitativa
para desenvolver uma ciência social válida e abrangente. Pode-se considerar que
Comte era um fanático pela ideia de bem-estar da sociedade em que vivia. Almejava
substituir os raciocínios filosóficos religiosos por uma ciência completamente
positiva. Visando uma sociedade justa ele conclamou toda a sociedade a se
tornarem positivista por meio de uma cosmovisão bem elaborada.
Para conte uma mente só pode funcionar em sua plenitude por
meio dos métodos científicos, ou seja, independente do contexto em que se
empregue a ciência, haverá homogeneidade. Não importa se nas ciências naturais
ou humanas, o método cientifico é capaz de manter as características
essenciais. O método quantitativo é uma característica preponderante do
positivismo de Comte, no entanto o mesmo faz algumas ressalvas para o uso
excessivo da matemática, basta considerar que o método pode ser aplicado
indevidamente. Ele reconhece que a consciência humana é determinada pelo
social. Pode-se concluir então que aqui há uma interdependência.
Não importa se estamos na natureza ou na sociedade, a busca
das leis são condições sine qua non para a ciência positiva.
O positivismo lógico teve um grande desafio liderado pelo
Círculo de Viena que foi introduzir os métodos das ciências naturais na prática
das ciências sociais. Eles aparentemente possuíam material humano para isso, como
alguns filósofos empiristas; indivíduos com grande conhecimento no campo da
matemática e da lógica. Em uma ação coletiva e sistemática eles concluíram que
deveriam excluir a metafisica, a teologia e a ética do domínio do conhecimento
humano garantido, ou seja, todo conhecimento genuíno passava pela ciência. O
princípio de verificação estabeleceu que para que uma declaração pudesse ser
significativa teria que passar pelo processo de verificação.
Para os positivistas, experiências significam dados dos
sentidos. O que é experimentado por meio dos sentidos é o conhecimento
verificado. O papel da ciência é estabelecer os fatos, essa é a preocupação,
resta a filosofia esclarecer e analisar as proposições oriundas das descobertas
cientificas.
É notória uma relação de amor entre os positivistas lógicos e
a ciência que visa otimistamente o progresso a nível global. Para eles o
conhecimento cientifico é preciso e certo, logo temos um contraste com
opiniões, crenças, sentimentos e suposições oriundas do não cientifico,
poderíamos dizer que é uma rejeição a subjetividade. O positivismo é
objetivista por completo.
O pós-positivismo irá trazer consigo uma forma digamos mais
atenuada do positivismo, é aquele que fala de probabilidade e não de certeza.
Nomes como Heisenberg e Bohr levantaram hipóteses aonde a ciência se mostra
incapaz de elaborar determinações com precisão. Estes estudos apontam que há
uma certa contradição na prática cientifica. Para Popper as verdades
cientificas são meramente verdades provisórias, aberta a refutação e
experimentos e todo esforço para provar que as teorias cientificas estão erradas
tendem a validar sua fundamentação.
Os estudos de Kuhn lançam um novo olhar sobre a proposta
cientifica do positivismo, ou seja, Kuhn propõe que não é impossível que surja
um momento em que se faz necessário uma mudança de paradigma. Podem surgir anomalias,
e a natureza pode de alguma forma violar as expectativas induzidas pelo
paradigma, surge um momento de crise, logo é hora de mudar de paradigma. Kuhn
considera que a história da ciência não é uma história de avanços constantes; ele
acredita que a ciência não é um “jardim fechado”.
Feyerabend irá descrever o processo cientifico como
“anárquico”, defendendo a tese de que o progresso nesse campo se deve em grande
parte por esta postura. No entanto questiona qual de fato é o papel da razão da
ciência e como ela é realmente entendida.
O fato é que para Popper, Kuhn e Feyerabend, fica evidente os
resultados de uma pesquisa não são totalmente objetivos e nem
inquestionavelmente corretos. Eles podem estar em níveis acima das concepções
subjetivas, mas não são absolutos, são provisórios e qualificáveis.
Essa é a característica do pós-positivismo, uma
versão mais humilde da abordagem positivista, sem a necessidade de reivindicar
uma posição privilegiada epistemológica e metafisicamente.
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